segunda-feira, 15 de março de 2010

HÁ 25 ANOS O BASQUETE DA PRUDENTINA ERA VICE-CAMPEÃO MUNDIAL

Há exatos 25 anos a equipe de basquete feminino da Prudentina colocou Presidente Prudente no mapa do esporte. A conquista do vice-campeonato mundial em Taipei, na China, consagrou o time e protagonizou o maior título já conquistado pelo basquete brasileiro.

Antonio Martinho Fernandes, que faz questão de ser chamado de Nico, era o chefe da seleção e viajou juntamente com o time. Os 25 que se passaram não apagaram de sua lembrança os momentos de alegria e conta em detalhes e com orgulho sua participação nessa importante conquista. Pelo excelente desempenho da equipe nos campeonatos que participava, o clube foi convidado pela confederação chinesa a participar dos jogos mundiais, fato único em toda a história do basquete, um clube competindo com seleções de vários países. A confederação da China se comprometeu em pagar as passagens de Los Angeles até Taipei, mas mesmo assim a Prudentina não tinha dinheiro suficiente para arcar com as despesas até os Estados Unidos, além de manter o time em uma competição internacional.

A equipe foi para São Paulo de ônibus, mas sem a confirmação do embarque para a China. “A angústia tomou conta de todos nós, o silêncio era total no saguão do aeroporto” relembra Nico. A liberação do dinheiro só foi feita a menos de três horas do horário de embarque do voo, mas na condição do nome do patrocinador da época, o Instituto Brasileiro do Café, estar estampado na camisa durante seis jogos. Havia outro acordo em negociação aqui no Brasil, as Aveias Quaker, mas não foi confirmado até o início do mundial, mesmo sem a confirmação do patrocínio eles mandaram estampar o nome da Quaker no uniforme. Essa atitude chamou a atenção da empresa na China, onde também possuía uma filial, a repercussão entre os chineses foi imediata, garantindo uma verba de alto valor e a permissão para os funcionários da multinacional assistirem aos jogos em horário de serviço, todos vestidos com a camisa da Prudentina.

A equipe brasileira, pequena e desacreditada foi ganhando espaço na competição com suas vitórias consecutivas. “Os jogos do time lotavam os ginásios, nós fomos muito bem acolhidos pelos chineses”, diz Nico. Mas toda essa admiração tinha um nome: Hortência. “Era a cabeça do time, era o diferencial, nossa magrela”, relembra aos risos. A cada partida que terminava, uma legião de fãs cercava o ônibus que conduzia o time. Gritaria e tumulto, todos queriam tocar a estrela do mundial, aquela que passou a bola, planejadamente, por baixo das pernas de Cheryl Miller, a melhor jogadora do mundo na época, da seleção americana. “No intervalo ela me falou: ‘Nico fica olhando, vou passar a bola pelas pernas da Miller’. Ela conseguiu e o estádio foi a loucura”.
Nico lembra um fato inusitado. Precisavam de fotos 3x4 para colocar no passaporte, pois fariam uma parada de três dias nos Estados Unidos, mas não tinham moedas, necessárias para a foto ser tirada e nem sabiam como consegui-las. “Estamos Ferrados!”, disse Nico, foi quando ouviram: Brasileiros! Brasileiros! Era também um brasileiro que morava na China e acabara de perder a esposa em um acidente, deixando uma filha de sete meses. O brasileiro era Roberto, ex morador do bairro da Liberdade em São Paulo, ele virou intérprete da equipe prudentina durante todo o mundial e as jogadoras foram babás de sua filinha.A Prudentina venceu todos os jogos até a semifinal, mas na final enfrentou a temida seleção dos Estados Unidos, campeã olímpica. O jogo terminou 75x57 para os EUA e a equipe brasileira ficou com o vice-campeonato. “Muita emoção, muito mais do que esperávamos; o samba tomou conta do ginásio e fomos aplaudidos de pé”, conta Nico.

Marcos Tadeu, jornalista que na época cobria a área esportiva na rádio Comercial, diz que Prudentina fez a grande imprensa tocar a cidade, especialmente veículos de comunicação da capital. Dificilmente o ginásio da Apea ficava vazio em jogos do time. “A Hortência foi o "Pelé" do basquete feminino brasileiro”, afirma o jornalista. Era mais de 50% do time. Quando estava bem, tudo ficava bem. Enquanto ela esteve no clube, a Prudentina disputou três finais ganhando duas, 1982 e 1983 e vice em 1984. “Quando as meninas chegaram da China festejamos por uma semana”, conta Tadeu. A comemoração contou com carro do corpo de bombeiros levando a equipe, o povo parava para cumprimentá-los e teve até cerimônia de entrega de faixas. “A imprensa nacional mostrando o cotidiano das atletas e, claro, principalmente a Hortência”, diz.

Adorador do esporte, Agnaldo Freitas, 72 anos, foi torcedor da Prudentina desde a criação do time. Sua primeira paixão foi o futebol do clube, mas foi o basquete que o fez chorar de emoção. Acompanhava fielmente todos os jogos e quando possível os treinos também. Sentia-se orgulhoso do carinho que toda região possuía com o time. Para ele a vibração maior do campeonato foi a vitória da semifinal. “Na final o que se via não era tristeza pela perda do título, mas um sentimento de que as expectativas foram superadas”, lembra o torcedor.

4 comentários:

Anônimo disse...

que reportagem boa
parabens

15 de março de 2010 às 08:55
Felipe Santos disse...

É o resgate da nossa história

15 de março de 2010 às 08:56
JOÃO PEDRO disse...

MUITO BOM!
PARABENS

15 de março de 2010 às 12:20
Cássio Oliveira disse...

Olá... André César

Parabéns pela matéria que relembra as bodas de prata da conquista do vice-campeonato mundial da Apea. Essa é uma lembrança sáudável e interessante. O resgate das memórias esportivas de Prudente é bem interessante, pois é um episódio que ficará sempre gravado em nossas retinas e corações. É sempre agradável ler e acompanhar esse tipo de matéria revela o potencial da nossa cidade. Infelizmente nesta temporada, a Unimed/Funada foi extinta por causa da falta de um terceiro patrocinador. O time deixa uma lacuna em nosso sofrido esporte. Está na hora da iniciativa privada, poder público e a comunidade acordarem para mudar essa realidade nua e crua.

Abraços e parabéns pelo blog

Cássio Oliveira

16 de março de 2010 às 20:07